quarta-feira, 16 de maio de 2012

eu-girassol


Meu pequeno girassol
Nasceu condenado a habitar
Num jardim onde brilham
flores ricamente vestidas
sabem ser alegres
porque conhecem que
foram criadas para ser Flores
cor
perfume
forma
textura e tecitura
beleza marelinha
Flores
simplesmente
Pobre girassol...
Solitário
Mudo e mutilado
Esquecido de Deus
Expulso de casa
Alienado do tempo
E sem irmãos...
Inventa que chora e ri
Finge paixões
Rouba os prantos e
macaqueia os cantos alheios
porque
Não sabe o que quer...
Não sabe para onde olhar.
Não sabe onde por as mãos.
Não sabe o que dizer...
E não sabe ouvir.
Não! Não serve para amar
É um girassol desgraçado.
Contudo ele está ali...
Num jardim
Entre flores que sabem
Ser flores
Eu –girassol
uma pétala apenas
roxa e esfumaçada...
alma perdida
guardando saudades
do que nunca encontrou.

Itabuna,
Outono fora e dentro de mim, 2012.