quarta-feira, 27 de julho de 2011

Balanço

A menina achava
que uma fatia de queijo mordido
lembrava um barco afundado.
Não escutei o mistério
Borboleteando nos olhos dele
E a poesia naufragou.
O apagador de quadro...
Branco?
Com o que se parece agora
inerte em minhas mãos.
Nunca acreditei
nas paisagens
que espiei debruçada
Nas janelas.
Quem madei a puta que o pariu?
ushaushuahsuahushaus
Se alguma vez
Me embriaguei
Chorei
Vomitei?
Que merda!
Me atraem as sarjetas
Que nunca visitei
Não me recordo das pessoas
que amei
Nem das palavras
Que inventei.
É isso
Nasci para ter saudade...
Loooooooooooooooooooge
do mar...
Todos dizem que errei
O que digo agora Adélia?
Sim
"Eu tenho 20 anos mais 20"
E estou conformada.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

backup

Faça agora uma simulação
um poema bem pequeno
cartas, fotos, música, vídeo
flores e laços
silêncio e solidão
guarde meu anelzinho bem guardadinho
como um backup amor...
Psiuuuuuuuuuuu!
Não diga nada ainda
Pode ri a vontade
tudo que a memória ama
é saudade...



BEIRA LUA

terça-feira, 26 de abril de 2011

EFÊMERA

Meninos no balanço- Portinari

Contudo eu olhava

Pela janela...

No quintal

formas impressionistas

uma mangueira

o girassol
Ela a menina na gangorra velha
ia
e
vinha
desacostumando o tempo...
Não sei se
permanece o riso claro
o vento
cheiro de pitanga
e movimento
sobre aquele instante
que não se repete nunca mais...
Não sei?
Talvez
a intensidade da luz
cores vibrantes e luminosas
e toda aquela poesia
efêmera ao ar livre
uma linguagem que fala de se mesma
não sei.
não quero saber...

BEIRA LUA




terça-feira, 29 de março de 2011

NOITE SEM ESTRELAS


Tela de Klimt



À luz da ribalta

na noite sem estrelas

trasfiguração

dores inventadas...

o real absoluto, metafísico, inculto

Para além deste mundo..

chuva fininha

Água furtiva e calada

Minha alma que chorava

Sob aquela poesia

uma rosa negra desfolhada

minha face uma rosa roxa petrificada

rosas rosas rosas Rosa: Veredas...

Diadorim... meu amor... minha neblina

"Meu amor..."

Coração partido em mil pedaços

Acontece que eu não sou "moderninha"

Minto tão somente

Desculpa...

Capitu fechou os olhos

Ressaca

fluxo e refluxo

Travessia no preAmar

Fiquei casmurra

e pronto. Acabou.

Ponto.

Envelheci.

Não foi possivel atar

a duas pontas da vida

com a história que escrevi

não foi possivel recompor

o que foi nem o que fui

falta-me eu mesma

e esta lacuna é tudo.

Não quero te ferir com esse veneno,

Apsara, dama do escorpião...

Tosco escorpião acuado e inseguro

Esse veneno...

destilo todo ele em mim mesma

"Porque quem gosta de maçã..."

Não conhece a maçã pequena e azeda

brasileira... 1,80 na feira.


BEIRA LUA

segunda-feira, 28 de março de 2011

Silêncio Agudo


Silêncio Agudo
Ausência
Eu tão Pequena
Ao pés da Gameleira Branca
Filha rebelde...
Desejei desarrumar
O desconhecido...
O murmúrio das águas cresceu
Explodiu
Tomou conta de tudo
Oraieeeôôôô...
Inabalável Implacável
Inexorável
Iroko não se comoveu...
As folhas me contaram...
Invoquei seu nome
Dançando...
Os atabaques choraram
Ao toque de Ijexá
Fechei os olhos
E gritei minha
Saudação
Okearô...
Eu e você
Diante do tempo
Infinito
Senhor absoluto
dos seres
vivos ou mortos
nascido ou por nascer
Meu corpo nu...flores tatuadas na barriga...
Folhas de pitanga nos cabelos...
Lágrimas lavando o meu rosto...
Leite escorrendo pelos seios
O mistério das águas...
Raduan atravessando o mar...
Raduan deitado sobre a grama...
Raduan grama, Raduan Luz...
Raduan Sol...Raduan Ar...
Raduan Vida
o segredo das folhas...
diante do Tempo
Nós...
Pequenos
Karma??
O homem de branco
Por que velava?
O que queria?
O homem de branco
Ninguém ouvia
Luz Luz Luz Luz
Calor brilho intenso
ardentesorrisoquentenossobeijo
Eu e você
Diante do tempo
pequenos
O homem de branco
Por que partia?
Silêncio...magia?
tempo
tempo
tempo
O início
E o fim de tudo
Eu não era eu...
Você não era você
A grande Árvore
Permanecia inabalável
Éramos nós dois
Ligação ancestral...Laços...
"Sangue meu no sangue teu"
Através das épocas.
Agora não havia luz...
Só pulsa dos nossos corações
Harmonizados
As águas descansaram...
Hálito perfume cabelo
Dormiu...Serenou
Uma brisa leve agitou
a superfície apaziguada...
Círculos infinitos
Buscaram incertas margens...
Silêncio...
Eu e você
Diante do tempo
E nada sabíamos
"daquela poesia"
Estaremos junto Árvore, amor...
Aqui nossa história...
Não tem nome
O que buscamos
Ainda não existe
O que sentimos
Ainda é possível...?
Aqui não é o teu centro...eu sei
mas...
Volta...
.............................
.............................
.............................
.............................

São seis horas! É hora de levantar

Beira Lua

sábado, 26 de março de 2011

TARDE BRANCA


[TARDE BRANCA]
Qual é a cor da noite que começa...?
Não tenho ânimo de olhar pela janela
Escondo-me para que a luz que ainda resta
Não me alcance
[LUZ NEGRA]
Ilumina um palco qualquer...
Eu pequena mariposa embriagada...
Fingindo um personagem qualquer
Não consigo errar
o tempo que anda a cavalo
No galope
"E eu tenho 20 anos mais 20"
Não quero esperar
Porque ainda Espero
Céu e mar
[SONO]
delirios do sono
pequeno
menino-amor
expargindo
SEMENTES
na nossa morada...
não atinei no despertador
que berrava...
Tantas loucuras choram o coração de uma mulher...
Tristeza... besteira inútil.
[UM DIA NA VIDA]
Procuro por mim
Se me acho quero fugir
Por favor... cubra os espelhos quebrados
Que me repartiram em mil pedaços...
[SEM SAUDADE]
coração leve e esfumaçado
Afunda em lençóis gelados e secos
Não sinto falta de lugar nenhum
Não quero ir para Pasárgada
Espero sem querer dizer nada
os links falam por mim...
inconveniente
[VÍTIMA DO AMOR]

BEIRA LUA

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ciranda

Portinari
Tenho fé nas coisas
que não existem
a casa onde não morei
amigos que não fiz
caminhos que não segui
poemas que não escrevi.
Certo sabor de pitanga
carambola, goiaba, manga
gangorra, madeira
pequenos pés dançando
na água empoçada
pulsando a semente
na terra escura, lama, chuva
nós tudo escutando
o cheiro de pão quente
uma senhora contando estórias
além do muro.
Pra lá do mundo...
a menina guiando
uma jangada de cano
a lua...
perseguindo o sorriso
dela
O vento...
nos cabelos...
dela
as ondas do mar...
na esteira
dela
as estrelas...
no destino
dela.
Beira Lua

sábado, 19 de março de 2011

Filha das águas


Eu sou
Filha das águas...
Oraieieô... minha mãe Oxum
Silêncio
Não há fala
Não há explicação
Pra isso...
Poço profundo
Água corrente, cristalina cachoeira
Enchente...
Jamais deságuam
“Pelo ralo”...
Água fugida da fonte
Tem desejo de CéuMAR
Nunca mais volta...
Poço porfundo...

Silêncio

Mistério e perigo

Não há fala

Não há explicação

Pra isso...

Silêncio...

Poço profundo...

Negação total

Absoluta.

As águas suportam

Tudo

E depois...

não retornam nunca mais...

Toleráveis transgressões...

Explosão

As águas não necessitam de olhos nem luz

Para ver a face do amor

Nada pertence as águas

e as águas não pertencem a ninguém

As águas não tem moral, decência, medo...

Não conhecem espaço e tempo

Nem filosofias

As águas não sabem do sim e do não

As águas não pensam

Não medem

Não esperam

Não respeitam

Não aprendem nada

Não aprendem porra nenhuma

Apenas sonham

Desvairadamente...

As águas não existem

E querem o que não existe

As águas são águas

É assim...

Águas Águas Águas

Desacostumam

Qualquer

Pontuação.

Águas Águas Águas

Se “aquela poesia”

um dia se rompe...

O mar está no

Destino...

Dela

Quando o pote

Se quebra

O mar cresce e vem ao encontro dela

Seja lá onde ela estiver...

O mar vem ao encontro

Dela

Para consolo dela...

O mar afoga tudo que tiver

Saudades

Dores

delírios

Sorrisos

Loucura

Desatino

O coração Dela

Devagarzinho...

O mar vai beijar as lágrimas dela

O mar vai contar histórias pra Ela...

histórias rabiscadas

num livro que não existe

256 páginas...

“daquela poesia”.

Mas agora... silêncio amor

Acabou? Quando foi mesmo

Que tudo começou?

Essa história

que escrevemos

que não aconteceu...

Tá tudo bem... silêncio...

Silêncio...
Silêncio...

Silêncio...

Não há fala

Não há explicação

Pra isso...
Poço profundo...

O mar vem beijar minhas lágrimas...

O mar vem me contar histórias...
Quando as águas subirem eu vou gritar
seu nome Pequeno...


Beira Lua